Franz Joseph Haydn (1732-1800)

Franz Joseph Haydn viveu de 1732 a 1800.

Grande parte da sua existência - desde 1761, data em que o compositor entrou ao serviço da casa Esterházy, desde 1790, ano em que morreu o príncipe Nicolau - decoreu no âmbito dessa côrte, nas residências de Einstadt e Esterháza, junto ao lago Neusiedler.

Foram cerca de 30 anos ao longo dos quais Haydn teve de prover à vida musical deste pequeno mundo à semelhança de Versalhes.

Foi neste contexto que surgiu a maior parte da sua produção musical.

Mestre incontestado do Classicismo vienense, Haydn foi o principal responsável pela consolidação das formas musicais que, prevalecendo inquestionadas ao longo de todo o séc. XIX, chegaram até nós como os exemplos mais perfeitos de "música pura", na cultura ocidental:

  • a Sonata

  • a Sinfonia

  • os Quartetos

todas elas tendo por denominador comum o que veio a ser denominado por "Forma-Sonata".

A sua formidável actividade resume e sintetiza de uma maneira natural todas as tendências que conduziriam a forma à sua perfeição clássica.

As partituras de Haydn, se as observamos com atenção, contém a recordação da escola musical italiana, da música de Wegenseil, das experiências de Mannheim e sobretudo das obras de C. Ph. E. Bach, por quem o compositor tinha uma admiração sem barreiras.

Todas as limitações à unidade da forma parecem desaparecer como por milagre assim que Haydn se lançou no domínio da composição sinfónica.

Poder-se-á mesmo dizer que Haydn foi guiado por um instinto muito seguro e uma intuição precisa dos objectivos a atingir.

É notável constatar que ao longo da sua evolução conseguiu eliminar todo o supérfulo e conservar o que era apenas essencial, ao mesmo tempo que sufocava as suas composições de materiais de qualidade ímpar.

O seu último período criativo - de 1790 a 1795 - é celebre porque datam desta altura as famosas doze Sinfonias de Londres, onde Haydn leva a um expoente máximo a mestria no domínio da forma, denotando, ao mesmo tempo, algumas influências das derradeiras Sinfonias de Mozart.

Termina enfim a sua carreira com a composição de várias Oratórias e Missas.

José Edmundson-Andrade

Referências imediatas no âmbito da extensa obra de Joseph Haydn, as sinfonias e os quartetos de cordas - e por extensão, a sua música de câmara e a sua música sinfónica - não cedem o seu lugar a nenhum outro género musical, dentro do universo das composições artídticas do compositor austríaco.

Para além do impressionante número de composições, Haydn conferiu a cada um destes dois géneros uma suprema importância no desenvolvimento da linguagem da sua música instrumental, serenamente amadurecida na estabilidade da corte dos príncipes Eszterhazy, ao longo de uma extraordinária longevidade criativa.

A partir do último terço do séc. XVIII, os reflexos desta intensa actividade artística e meditativa, iriam fazer-se sentir muito para além dos retiros da corte, em Eisenstadt ou Eszterhazy, produzindo um impluso fundamental para o despontar de uma nova era na composição musical e concedendo à obra de Haydn um lugar de privilégio nos domínios da análise das idiossincrasias estílisticas do estilo clássico, da evolução da retórica e da génese das formas musicais.

As condições de isolamento que Haydn sentiu nos longos periodos que viveu na propriedade ruraldos príncipes Eszterhazy (chegando a ser de 9 a 10 meses) levaram-no, segundo o próprio compositor "a ser original".

No entanto, Haydn tinha a seu cargo um conjunto instrumental de qualidade, que expandiu até 25 executantes, o que lhe permitiu fazer experiências e procurar novas soluções, de modo a que cada sinfonia tivesse sempre algo diferente da anterior.

(notas do XXXV Festival de Música de Sintra, 2000)

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