Joel Canhão

Joel Canhão concluiu o Curso Superior de Música no Conservatório de Lisboa, cursou órgão no Centro de Estudos Gregorianos e diplomou-se com o Curso de Professores de Canto Coral para o Ensino Secundário.

Faleceu a 27 Fevereiro 2010

Bolseiro do Instituto para Alta Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian, frequentou estágios de Direcção Coral e de Iniciação Musical para Crianças na Suíça, dedicando-se posteriormente à docência em vários estabelecimentos de ensino, do Jardim de Infância à Universidade.

Simultaneamente, e como regente, a sua actividade ficou ligada à direcção do:

As suas publicações, marcadamente de carácter didáctico, abrangem um leque de conteúdos variados, contemplando obras sobre educação musical:

  • canções para crianças
  • peças infantis para a 4 e a 6 mãos
  • canções para quarteto de cordas
  • páginas corais
  • além de escritos dispersos em jornais e revistas.
No campo da investigação, à qual tem dedicado parte do seu labor, deu à estampa alguns trabalhos, entre os quais se destaca a descoberta de um antigo documento em anotação aquitana, provavelmente do séc. XII, identificado como um fragmento do Antifonário do Ofício.

Um outro aspecto da sua criação está voltado para o mundo da poesia, onde se converte e desdobra numa outra pessoa que dá pelo nome de Mouro Serpa, pseudónimo literário adoptado nos seus livros.

Agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique, desempanha as funções de organista titular da Universidade de Coimbra.

(notas do programa Stª Comba Dão_26mai02)

Ver também:

Faleceu a 27 Fevereiro 2010

Escrito por Sara Simões   

http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=6401&Itemid=113

AOS 82 ANOS

Faleceu o maestro Joel Canhão

Joel Ferreira Canhão faleceu ontem, aos 82 anos. Considerado por muitos como músico, poeta e humanista exemplar, o seu funeral realiza-se hoje, às 10h00, da Capela da Universidade de Coimbra, onde foi organista titular, para a capela da Igreja de Barosa, Leiria, de onde era natural. O coro que dirigiu e fundou em 1980 prestar-lhe-á a última homenagem.
Concluído o Curso Superior de Música em Piano no Conservatório de Lisboa, Joel Canhão esteve, ao longo da vida, ligado à docência em vários estabelecimentos de ensino e à direcção de vários coros como o Orfeão Escalabitano, o grupo Coral Alfredo Keil, o Orfeão Académico de Coimbra e o coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra (AOUC), do qual foi fundador.
Foi através do grupo coral de Santarém que o médico José Miguel Baptista, membro dos AOUC, teve o primeiro contacto com o maestro. Decorria, pelo ano de 1965, um encontro de grupos corais de várias faculdades. Joel Canhão “deu nas vistas” por comandar o grupo de cerca de 20 vozes masculinas que tinha «uma sonoridade espantosa». Rapidamente foi apontado «por unanimidade» para suceder como regente a Manuel Raposo Marques, que daí a pouco tempo deixaria a direcção do Orfeão de Coimbra. Lá permaneceu durante sete anos.
José Miguel Baptista, em declarações ao Diário de Coimbra, lembra-o como homem de uma aparência «aparentemente» dura, mas de uma «afabilidade extrema» e uma «sensibilidade espantosa». No seu trabalho «não fazia concessões». Do ponto de vista artístico considera ter-se perdido «um pilar discreto mas a quem muita gente foi beber»; «não lambia botas», «sempre respeitou os seus superiores, nunca se vergou e nunca espezinhou quando estava por cima», explicou. Homem que diz ter-se valido a si próprio, «nunca foi de políticas», foi antes um religioso praticante, especialmente nesta fase da sua vida, acrescentou.

“Músico de primeira água”

Também Virgílio Caseiro, maestro da Orquestra Clássica do Centro que o conhecia há mais de 40 anos e se relacionava com ele desde que veio para o Orfeão, salientou-o como «grande pela mestria que tinha e a grande formação que sempre deu prova», o que o colocava numa situação de respeito a nível da cidade e da música. Caracterizando-o como «músico de primeira água», indicou-o ainda como um poeta (escrevia sob o pseudónimo Mouro Serpa) com obra publicada de «muito boa qualidade» e um «humanista exemplar».
No domínio da música, as suas publicações abrangem um leque variado de livros sobre educação musical, canções, coros, peças de piano e outros instrumentos. Enquanto figura do Conservatório de Música de Coimbra, por onde também passou, Joel Canhão deixou «obra» que o actual director, Manuel Rocha, diz ter agora a «obrigação» de continuar. «Grande compositor, com vastíssima obra pedagógica», era «um grande pedagogo, característica que guardou até ao final da vida», com personalidade nobre, mas que «passava despercebido».
Manuel Rebanda, o presidente do Coro dos Antigos Orfeonistas, organização que contribuiu para que desenvolvessem um «relacionamento muito estreito», realçou a «rara sensibilidade» de um homem e de um poeta que «fez muito pela música de Coimbra», tanto a nível dos referidos Orfeão Académico e Coro dos Antigos Orfeonistas, mas também enquanto organista da Capela da Universidade de Coimbra.
Em 1987 Joel Canhão foi condecorado pelo então Presidente da República Mário Soares com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique e agraciado, em 2007, com a Medalha de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Coimbra.
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