Decidiu então partir rumo à Alemanha, onde, numa oficina de organaria, se aperfeiçoou durante quatro anos nesta arte pouco conhecida em Portugal.

Em 1992, Pedro Guimarães abriu, com a juda de dois colegas alemães, uma pequena oficina em Esmoriz. No início, não tinha quase nenhum trabalhador. Em 1993-94, frequentou e concluiu o mestrado na Câmara dos Ofícios de Stuttgart. De volta ao seu país de origem, construiu dois órgãos positivos juntamente com a mulher, também organeira.

Daí até à sua afirmação como verdadeiro mestre organeiro no panorama português foi um pequeno passo.

Hoje, Pedro Guimarães tem em mãos o restauro do belíssimo órgão de tubos da Igreja de S. Bento da Vitória, conquistado em concurso público, aberto pelo IPPAR. O trabalho é de rigor extremo, quer no tratamento das madeiras, quer nos tubos - o mais alto dos quais tem cinco metros -, que estão bastante danificados. No Natal, do próximo ano, quando o Porto for a Capital da Cultura, estará pronto a soltar as melhores notas.

Nesta meia dúzia de anos, já passaram pelas mãos de Pedro Guimarães órgãos de norte a sul do país, da Igreja de S. Lourenço, no Porto, à de Freamunde, da de Matosinhos à de S. Francisco de Estremoz.

Mas apesar de ter conseguido conquistar o seu espaço, graças à sua perseverança e dedicação total, não deixa de constatar que, sempre que precisa de apoio, tem de ligar para a alemanha. «Ainda não encontrámos ninguém que se interesse de facto por isto», diz. «Não há nenhum aprendiz que aceite investir nesta arte».

Maria João Melo