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Grande Órgão de Tubos
na Igreja da Senhora da Conceição

A Senhora da Conceição, no Porto, paróquia a que preside o Cón. Doutor Carlos Moreira Azevedo, inaugurou no Domingo, dia 1, o seu Grande Órgão de Tubos. A bênção pelo Pároco, P. Carlos, foi na Eucaristia das 12 horas e o concerto inaugural por Franz Stoiber, às 16 horas, estando presentes D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, a ministra do Ambiente, Elisa Ferreira, e os Governador Civil, Presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte, vereadora da Cultura da Câmara Municipal e outras autoridades, além de D. Júlio Rebimbas, arcebispo-bispo emérito do Porto, dezenas de padres, entidades que apoiaram esta obra como as Fundações Eng. António de Almeida e Manuel Leão, o construtor Georges Heintz e muitos outros beneméritos e amigos. Ao iniciar-se o Concerto inaugural, com obras de Bach, Max Reger, J. Renner, A. Guilmant, E. Bosso, M. Duruflé e F. Stoiber, o Dr. Carlos saudou a todos e disse:

    «Grande sonho animou muito esforço para, de forma marcante, assinalar os 50 anos da dedicação desta igreja. Porque te sonhamos, muitas horas se roubaram ao descanso, muito caminho reuniu vontades, muita oblação generosa aconteceu, muita adversidade foi vencida para que fosses nosso, ó órgão. E, continuando a glosar Pessoa, podemos afirmar: "Valeu a pena". A alma não era certamente pequena porque habitada pela paixão. Nesta cidade quando há paixão ela tem a força do granito. Nem as neblinas que lhe acinzentam o rosto, e influenciam por vezes os seus chefes, lhe diminuem o vigor, antes engrandecem a determinação de dar futuro ao sonho.
    Ao caracterizar o projecto tivemos em conta a realidade do património musical. Existia um grande órgão para música barroca de 1985, um outro para música de escola alemã, de 1995. Faltava um instrumento específico para música francesa do período romântico. Aqui se potencializa o quadro musical e cultural da nossa cidade, do nosso país.
    Aqui tens, ó cidade, um instrumento para te dar voz. É uma oferta desta gente do alto do Porto que cada semana, aqui neste espaço dedicado à Senhora da Conceição se reúne para celebrar o seu Deus, agradecer a energia de liberdade, descobrir o gosto feliz da vida, entregar dores e aflições, marcar de Deus as etapas da vida, do nascer ao morrer, encontar a paz pela alegria do perdão, solidificar a fé, alimentar a esperança e crescer na caridade.
    Esta gente simples e humilde reuniu migalhas para oferecer a Deus um hino de madeira e metal, invadido pelo vento, como sopro do Espírito. Esta Comunidade cristã oferece à Igreja diocesana um sinal concreto da sua dedicação».

Lembrou depois o Doutor Carlos Azevedo que a Diocese tem mais de cem órgãos de tubos, mas aquela será a primeira paróquia a construir um grande órgão de tubos, que dá à cidade a possibilidade de uma maior qualidade cultural. E agradeceu aos que apoiaram esta «aventura»: Fundação Eng. António de Almeida e seu presidente Dr. Fernando Aguiar-Branco, e Fundação Manuel Leão e seu benemérito fundador P. Manuel Leão. Agradeceu ainda os apoios da Confraria do Vinho do Porto e da Câmara Municipal do Porto e a dedicação da Vereadora, Drª Manuela de Melo, bem como a colaboração do Banco Português de Investimento e seu Presidente, Dr. Artur Santos Silva, do Banco Internacional do Funchal, Montepio Geral, Caixa Geral de Depósitos, Real Companhia Velha, Mário Quinaz e empresa Cromopolis, Sersilito, de Serafim Silva, Residencial Lis e Hotel Ipanema.
Em justificado destaque foi posto o contributo de tantos «que ficam anónimos» porque querem ser apenas dom agradável a Deus e os de uma criança de três anos, Sofia, pela oferta da família no dia do seu baptizado, de uma senhora de mais de 90 anos e da Comissão chefiada pelo Prof. José Luís Carrapa. Referiu-se depois ao organeiro Georges Heintz, que fizera o órgão da Catedral de Leiria e outros, salientando «a simplicidade humilde do seu génio», e ao organista Prof. Franz Stoiber que daria vida a essa «nova voz de beleza na cidade». E concluiu citando Eugénio de Andrade, desta cidade, quando diz que a "poesia não vai à missa / não obedece ao sino da paróquia" mas acrescentando que «só não vai se for preguiçosa na procura do mistério profundo da vida». E explicou: «Convosco ela entra nas igrejas. Não queremos que obedeça ao sino, mas que entre no cântico dos nossos lábios, nos sons habitados de beleza e acariciemos com ternura a doçura e o vigor dos ritmos. Todo o entusiasmo tem Deus por dentro. Hoje é dia de entusiasmo, de vibração, de emoção. Hoje a arte veio à missa. Seja a beleza dos sons sedução de vida linda para os cidadãos do Porto no dealbar no novo milénio».
E proclamou o Salmo 150, como hino de louvor ao Senhor!

O Concerto concluiu-se com improvisação sobre o «a 13 de Maio». O templo estava totalmente cheio e não faltaram justificados aplausos no fim de cada melodia que «ocupava» toda a igreja. No fim, houve um Porto de Honra.
A semana inaugural teve ainda outros concertos: no dia 12, às 21,30 horas, por Martin Bernreuther; e no dia 13, às 21,30 horas, por Paulo Alvim e Olavo Barros (flauta). Amanhã, 5ª-feira, às 21,30 horas, será a vez de Rosa Amorim; no dia 16, às 21,30 horas, Ryoko Morooka; no sábado, dia 17, às 21,30 horas, os Coros da Senhora da Conceição, com Adriano Brito (tenor), Eugénio Amorim e Rosa Amorim (órgão), sob a Direcção de José Luís Carrapa; e no Domingo, dia 18, às 16 horas, o Coro Nordeuttscher Figuralchor, com Ryoko Morooka ao Órgão e Jörg Straube na Direcção).