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21DEZ02 - 21:00 Programa

CONCERTO "O NATAL NA MÚSICA DO ÓRGÃO"

Igreja Matriz - Vila do Conde

Organista: Jorge Alves Barbosa


1 Órgão Dietrich Buxtehude (1637-1707)
  • Prelúdio e Fuga em Sol menor
2 Órgão J.S. Bach (1685-1750)
  • Coral "Vem, Salvador dos gentios"
3 Órgão Max Reger (1873-1916)
  • Weihnachten
4 Órgão J.S. Bach (1685-1750)
  • Fuga sobre " Eu venho dos altos céus"
5 Órgão Domenico Zipoli (1688-1726)
  • Pastoral em Dó
6 Órgão Louis Claude Dacquin (1694-1772)
  • Noel X
7 Órgão J. Brahams (1833-1897)
  • Coral " De frágil raiz nasceu uma rosa"
8 Órgão J. G. Walther (1684-1748)
  • Concerto em Lá:
    • Allegro
    • Adagio
    • Minueto
9 Órgão Domenico Bartolucci (1918- )
  • Prelúdio sobre "Puer natus est"
  • Finale:
    • Variações sobre "Christus est natus qui hodie"
10 Órgão G.F. Handel (1685-1759)
  • Concerto em Fá, op.4, nº 4

               O programa deste concerto é marcado pelo ambiente e pelo imaginário natalício, pretendendo ser uma manifestação e, ao mesmo tempo, uma proposta de reflexão sobre o nascimento de Jesus na sua dimensão artística e litúrgica. A abrir, em jeito de moldura inicial o brilhantismo aliado ao carácter sombrio de um "Prelúdio - Fuga - Interlúdio e Fuga"  de Buxtehude, o grande mestre e modelo de Bach; segue-se a celebração do Advento no paradigmático coral de Bach "Vem, Salvador dos gentios", um dos mais interessantes exemplos do "coral ornado" e que nos insere no espírito suplicante do hino "Veni, Redemptor gentium" que na versão reformada é "Nun komm den Heiden Heiland"; no enigmático "Weihnachten" de Max Reger, à expectativa e ansiedade expressa pelas harmonias escuras vai sucedendo uma abertura em crescendo para desembocar num singular encadeamento de duas melodias de Natal: "Eu venho dos altos céus" e "Noite Feliz".

                 O quadro de Natal inicia-se com uma Fuga solene sobre o Coral anteriormente citado "Eu venho dos altos céus" seguindo-se depois um conjunto de obras que aliam a técnica e arte organística ao ambiente da música popular de Natal com particular relevo para o mundo pastoril: são diferentes expressões, de diferentes áreas geográficas de uma mesma realidade: a "Pastoral" de Domenico Zipoli transporta-nos ao ambiente pastoril de Belém com o ressoar dos instrumentos musicais dos pastores em clima de dança e ao estilo italiano do séc. XVIII, enquanto o "Noel" de Dacquin é um conjunto de variações sobre uma canção popular francesa; o Coral de Brahms é um trabalho muito expressivo quase irreconhecível sobre um cântico de Natal "Es ist ein Ros' entsprungen", conhecido entre nós como "Brilhou na noite escura"; num estilo pastoril e festivo, o "Concerto em Lá" de Walther é uma transcrição de um bucólico concerto do compositor italiano Gentilli, uma obra cheia de frescura e ingenuidade.

                A dimensão litúrgica do Natal, aliada à dimensão popular vem expressa pelas duas peças retiradas da "Messa di Natale" do compositor italiano Domenico Bartolucci, ex director da Capella Sistina, e um dos meus professores: o "Prelúdio" é uma peça improvisatória onde não falta o clima da "pastoral", sobre o introito de Natal "Puer natus est nobis" enquanto o "Final" é contituído pelo tema e quatro variações sobre uma das obras mais conhecidas do compositor e que com ele sempre cantávamos assinalando a quadra de Natal: "Christus est qui natus hodie" - Hoje nasceu Jesus Cristo - e que se desenrola num estilo de canção de embalar.

                Este quadro completa-se com a moldura final de um "Concerto para Órgão" de Haendel, cujos quatro andamentos são outros tantos momentos bem característicos do ambiente natalício quer pela sonoridade quer pelo andamento festivo e solene...